quarta-feira, 12 de outubro de 2016

ACORDO DE PAZ OU PRÊMIO?

Assisti um tanto estarrecido as notícias de que a comunidade internacional ficou "frustrada" com o sonoro NÃO que a população colombiana deu ao tal "acordo de paz" com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Sinceramente, não entendi o motivo de o mundo ter ficado "frustrado" com o resultado do plebiscito.
Um acordo de paz é um compromisso em que ambas as partes cedem em seus posicionamentos em prol de um bem comum. O "acordo" que o povo colombiano rejeitou previa, por parte do governo, anistia para os narcoguerrilheiros, transformação das FARC em partido político, e ajuda financeira para o grupo. Em contrapartida, as FARC pediram "perdão" às suas vítimas. Nenhuma palavra sobre rendição. Nenhuma palavra sobre se submeterem à Justiça. Nenhuma palavra sobre punição por todos os assassinatos e sequestros cometidos. Nenhuma palavra sobre indenizar as famílias que foram destruídas pelas drogas vendidas pelo grupo.
O que o governo colombiano ofereceu às FARC, e o povo rejeitou solenemente, não foi um "acordo de paz", e sim um prêmio para 52 anos de terrorismo. Aceitar tal "acordo" seria cuspir no túmulo de 250.000 mortos. Seria debochar do sofrimento das pessoas que foram sequestradas e passaram anos em cativeiro. Seria uma afronta às pessoas que foram mutiladas por pisar em minas terrestres. As FARC desejam a paz? Ótimo. Então entreguem todas as suas armas, denunciem a localização de todas as suas plantações de coca, e aceitem a punição por 52 anos de crimes. Qualquer coisa diferente de cadeia para esses guerrilheiros é uma indignidade não só para o povo colombiano, mas para o mundo inteiro.
Imaginem um cidadão ligando a TV e assistindo um candidato a presidente falando de "paz" para o povo. Uma situação comum, se o cidadão não fosse uma das muitas pessoas sequestradas pelas FARC, e o candidato não fosse o ex-guerrilheiro que passou anos lhe apontando uma metralhadora no cativeiro, e fazendo todo tipo de ameaças.
Palmas para o povo colombiano, que não aceitou que seu governo premiasse bandidos. E agradeçamos aos céus pelo fato de o PT ter sido defenestrado da presidência do Brasil. Pois eu tenho a mais cristalina certeza de que se o resultado do plebiscito colombiano tivesse sido SIM, não demoraria muito para que Dilma (que muito se orgulha de ter sido uma guerrilheira) propusesse um "acordo" semelhante ao Comando Vermelho e ao PCC.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

BRASILEIRO PRECISA APRENDER A TORCER

De acordo com as belas e douradas retrospectivas das Olimpíadas veiculadas à exaustão em todos os telejornais da Globo, o Rio de Janeiro viveu dias de puro encantamento, paz, alegria e segurança. Tudo foi lindo e maravilhoso. Perfeição absoluta. Vila Olímpica entregue inacabada? Um mero "detalhe". Filas quilométricas para entrar nas arenas? Falta de comida nos restaurantes? Pequenos "inconvenientes". Pessoas perdendo provas porque ficaram presas em engarrafamentos? Pequenos "erros de estratégia de tráfego". Aumento de 44% nos roubos a pedestres durante os dias olímpicos? Nada demais - o importante é que "apenas" 3% desses roubos tiveram os turistas como alvo.
Mas o item que mais me chamou atenção nestas matérias pós-olímpicas foi a falácia em relação ao comportamento da torcida. O "Time de Ouro" da Globo teceu altissonantes elogios aos torcedores, que deram um "show de alegria" nas arquibancadas.
Me reservo o direito de discordar completamente. Acompanhei várias transmissões pela TV, e em alguns casos o comportamento dos espectadores não foi tão maravilhoso quanto a turminha global tentou fazer parecer. Esta Olimpíada mostrou como o brasileiro está completamente impregnado pela cultura do futebol e da novela. Pois em várias modalidades diferentes se comportava como se estivesse no Maracanã se esgoelando por seu time do coração ou diante da tela da TV torcendo pelo mocinho e a mocinha da novela das nove. Em esportes coletivos a manifestação do torcedor é perfeitamente válida, mas nas modalidades individuais que exigem concentração absoluta dos atletas, o comportamento dos brasileiros foi execrável.
O que foram as vaias a Renaud Lavillenie na final do salto com vara? Por acaso algum dos presentes ao Engenhão tinha ouvido falar daquele francês antes daquele dia? Alguém conhecia Thiago Braz antes daquele dia? Ah, mas era um brazuca, o que automaticamente o transformava em herói; e o francês, um maldito desgraçado que estava cometendo a "ousadia" de lutar pela medalha de ouro. Por mais que a mídia diga que não, as vaias comprometeram, sim, o desempenho do francês, desconcentrando-o.
Situação semelhante ocorreu na final dos 100 metros rasos. Usain Bolt adentra o estádio, e irrompem aplausos ensurdecedores. Tyson Gay é anunciado, soam vaias estrepitosas. Mais uma vez a luta do mocinho imbatível contra o malvado vilão que quer atrapalhar os bondosos planos de glória de Mr. Bolt... E se houvesse um brasileiro em condições de correr contra Bolt? Será que o jamaicano seria tão idolatrado quanto foi?
O público delirou com a medalha de prata de Diego Hypólito e a de bronze de Arthur Nory no solo. Medalhas que tiveram uma ajudinha providencial dos presentes no ginásio, que nitidamente prejudicaram os ginastas que se apresentaram após os brasileiros, comemorando e vibrando como se fosse um gol cada erro dos concorrentes. Alguns chegaram ao cúmulo de gritar: "Vai cair! Vai cair!". Enquanto isso, na tela da Globo a narradora Glenda Koslowki gritava: "Errou! Errou o movimento! É medalha pro Brasil!". Lamentável.
Se quiser mesmo continuar sediando megaeventos esportivos, o brasileiro tem que aprender que o mundo não é o Maracanã e muito menos a novela das nove.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

NEYMARDEPENDÊNCIA - O PROBLEMA QUE A CBF FINGE NÃO ENXERGAR

Após mais um vexame da seleção masculina de futebol (0 X 0 com o inexpressivo Iraque), Galvão Bueno ficou debatendo mais de uma hora com os comentaristas e convidados da turminha global sobre o tema "O que está acontecendo com a seleção?". Todos chovendo no molhado discorrendo sobre falta de comprometimento, falta de liderança, falta de espírito olímpico, falta disso, falta daquilo...
Mas ninguém, NINGUÉM MESMO, tocou nem de leve na raiz do problema, aquele que tem sido o maior mal da seleção brasileira desde que Neymar foi convocado pela primeira vez para vestir a amarelinha. Desde então CBF e a mídia fazem um esforço indecente para fazer do garoto o "novo Pelé". Isso ficou mais do que evidente na Copa do Mundo. Depois de quatro anos vestindo a camisa 11, na hora de definir a numeração pro Mundial foi jogado nas costas de Neymar o mítico número 10, numa nítida intenção de associar sua imagem à do Rei do Futebol.
A tal "Neymardependência" só foi questionada após o vexaminoso 7 X 1 pra Alemanha. A mídia toda reclamou do protagonismo excessivo em torno de Neymar, como se ela própria não alimentasse essa idolatria. E quando surgiu a oportunidade de a seleção tomar outro rumo após a demissão do Felipão, a CBF retrocede novamente e coloca o Dunga. E o que fez Dunga assim que assumiu a seleção? Colocou no no braço de Neymar a braçadeira de capitão, pondo-o ainda mais em destaque.
Veio a Olimpíada, e a obsessão pelo ouro inédito. E o que disse o sr. Rogério Micale após a convocação do escrete canarinho? Ele disse o seguinte: "Quero ser dependente do Neymar". É assim que se quer recuperar o prestígio do futebol brasileiro? Fazendo a equipe refém de um único jogador? Um excelente jogador, sim, há que se reconhecer seus méritos. Mas não o semideus que a Globo pinta...
Minha sugestão: já que o negócio é jogar tudo nas costas de Neymar, já que ele é tão fantástico assim, que se dispense os outros dez do time brasileiro e deixem-no se virar sozinho contra os 11 adversários...

domingo, 19 de junho de 2016

DA ILUSÃO À REALIDADE (OU: NÃO FOI POR FALTA DE AVISO)

30 de outubro de 2007. O país entra em polvorosa carnavalesca com a escolha do Brasil como sede da Copa do mundo de 2014.
2 de outubro de 2009. O Rio de Janeiro é escolhido como sede da Olimpíada de 2016.
E desde então nossa pátria amada, idolatrada, salve, salve, mergulhou no mais absoluto estado de delírio, do qual só acordou nesta semana, em que o governador interino do estado do Rio, cuja capital é a "cidade olímpica", decretou estado de calamidade pública em suas finanças, tendo como justificativa a crise econômica pela qual passa o estado e a necessidade de pagar obras dos Jogos.
Desde o início houve vozes que discordavam da realização destes dois eventos aqui no Brasil. Ainda mais num intervalo de tempo tão pequeno. Mas foram chamadas de "antipatriotas", "cri cri", "complexados", e por aí vai... A megalomania brasileira falou mais alto. Teríamos estádios ultramodernos que esfregaríamos na cara do mundo. Obras nababescas transformariam as cidades-sede em metrópoles superiores às capitais europeias. Neymar sozinho traria o caneco para o Brasil, seria o artilheiro e craque da Copa, e se tornaria o novo Pelé. Como "legado da Copa", teríamos o fim das brigas entre torcidas, os cambistas seriam exterminados da face da Terra, as arenas monumentais se tornariam fontes inesgotáveis de dinheiro, e a economia brasileira encheria o cofre com os dólares trazidos pelos gringos. Um estratégico "cinturão de segurança" ao redor do Maracanã pacificou completamente os bairros em torno do sacrossanto palco da final da Copa.
E assim como o 7 X 1 imposto pela Alemanha ruiu a empáfia de "favorito absoluto" do escrete canarinho, os meses seguintes à Copa fizeram o Brasil acordar do seu sonho infame. Denúncias de superfaturamento na construção dos estádios. Obras de infraestrutura que sequer saíram do papel. Estádio sendo interditado sete meses depois da inauguração. Cambistas agindo livremente. Brigas entre torcidas organizadas. Ruas que durante a Copa tinham um policial em cada esquina se transformaram em desertos. Índices de assalto a pedestres dispararam. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. E como cereja de um bolo nefasto, o Brasil entra em recessão econômica.
Agora, às portas da Olimpíada, mesmo com a iniciativa privada bancando 50% do evento, corre-se contra o tempo para garantir o pagamento das obras que cabem ao poder público.
Não foi por falta de aviso que se chegou a esta situação. Está mais do que provado que este país não tem a mínima competência para eventos deste porte. Quando terminou o Pan-Americano de 2007, dizia-se que o Rio havia adquirido uma "grande experiência" em megaeventos, e que os erros (leia-se atrasos nas obras) não seriam cometidos novamente. E que TODA A ESTRUTURA DO PAN SERIA APROVEITADA PARA A OLIMPÍADA. E o que se viu? Praticamente tudo teve que ser construído de novo, pois as arenas do Pan não têm padrão olímpico. Estamos vendo instalações sendo entregues ao Comitê Olímpico Internacional sem tempo de realizar eventos-teste. Estamos vendo ciclovia desabando por erros grosseiros de projeto. Estamos vendo o asfalto de um elevado se esfarelando dias depois de inaugurado.
Muita ingenuidade de quem aplaudiu a escolha do Brasil achar que Copa do Mundo e Olimpíada mudariam mesmo alguma coisa, com o nível de dirigentes que nós temos. Não dá pra ter esperança num país em que o presidente aproveita a Copa para favorecer o seu time de coração, obtendo financiamento para a construção de um estádio novinho para ele.
Será que o desfile de atletas famosos por aqui vai mesmo compensar os elefantes brancos que ficarão depois da festa olímpica?

quinta-feira, 26 de maio de 2016

FANATISMO

Em menos de uma semana, dois casos de fãs que levaram sua adoração ao extremo. Um terminou de forma trágica. Seguiram-se debates intermináveis sobre as causas que levaram a esses atos.
Não é preciso pensar muito pra se descobrir a causa maior do que aconteceu com Ana Hickman e Anitta. Claro que o gatilho foi o desvio psicológico dos rapazes. Mas o que alimentou esse gatilho foi o indecoroso culto às celebridades que impera neste país. "Heróis", "guerreiros", "deusas", "divas", "mitos" são apenas alguns dos adjetivos que são usados para descrever essas pessoas de carne e osso como nós, mas que têm ao redor de si uma absurda aura de divindade.
A própria Anitta em mais de uma entrevista já se gabou de ter fãs apaixonados que fazem de tudo por ela. Não é nem um pouco surpreendente que essa paixão leve a atos desesperados.
Vivemos numa cultura em que os fãs são levados a pensar que são mesmo proprietários dos seus ídolos. Adolescentes são doutrinadas a crer que o "homem de sua vida" é o gatinho de "Malhação". E em nome da fama, os artistas se deixam levar pelos seus empresários como verdadeiras marionetes. Scheila Carvalho e Sheila Mello, na época de dançarinas do É O Tchan, eram proibidas por contrato de assumirem namoros publicamente, para que os homens tivessem a ilusão de que elas estavam "disponíveis" para eles. Michel Teló, no auge do sucesso de "Ai, se eu te pego", desfez um casamento de três anos porque seu empresário o convenceu de que um artista solteiro conquista mais fãs mulheres do que um casado. Atrizes septuagenárias esticam a pele até onde não pode mais, numa fútil tentativa de se manter eternamente belas.
Quantos ataques mais terão de acontecer para que as "Caras" e "Quem" da vida parem de despejar suas baboseiras? Porque os dois desta semana não serão mesmo os últimos.

domingo, 20 de março de 2016

GOLPE É DIZER QUE TUDO É GOLPE...

Desde a reeleição da presidenta Dilma, e o começo da proximidade da Lava-Jato com as portas do Planalto, uma palavra entrou no dicionário petista: GOLPE. Qualquer denúncia contra um integrante do "sacrossanto" PT, ou apoio a temas ou projetos que não sejam de interesse do partido é "golpe", "atentado à democracia", "volta da ditadura". Pedir a redução da maioridade penal? É "golpe". Ser contra o aborto? É "golpe". Um processo de impeachment legitimamente instalado contra uma presidente porque ela claramente maquiou as contas de sua gestão? É "golpismo".
E a ironia disto é o PT chamar de "golpe" um expediente que ele está sempre usando. Não custa lembrar: desde a redemocratização do Brasil, o PT pediu o impeachment de TODOS os presidentes. Menos Lula e Dilma, é claro...
Uma das falácias preferidas dos papagaios petistas é "Globo golpista", argumento que ganhou força depois da cobertura massiva que a emissora deu às últimas manifestações contra o governo. A Globo não é golpista - ela é OPORTUNISTA, vamos saber diferenciar. A Vênus Platinada é governista até a raiz dos cabelos de seus contratados. Desde, é claro, que o governo conte com a simpatia popular. Agora que está sentindo que o barco petista está mesmo fadado ao naufrágio, a emissora quer posar de "imparcial", e está mostrando tudo que há uns meses atrás fazia questão absoluta de esconder. Ou por acaso alguém já esqueceu que a janela do estúdio de um telejornal foi misteriosamente fechada para que o recém-criado boneco Pixuleco não aparecesse? Já esqueceram que nas manifestações do ano passado a Globo usou o Sistema Datafolha de contagem e dizia que "só uma meia dúzia de cinco" estava protestando? Já esqueceram a tendenciosa entrevista que Dilma concedeu a Jô Soares, que nem de leve mencionou os escândalos de corrupção do governo?
Mas as manobras governistas nunca são "golpes", são sempre pra "salvar o Brasil". Nomear ministro um sujeito que está prestes a ser preso? É pra "recompor a base do governo", dizem os petistas. Juntamente com a nomeação de Lula, a presidenta tinha assinado um decreto transferindo os recursos do PAC do Ministério do Planejamento para a Casa Civil, pasta que seria de Lula. Notaram? Além de foro privilegiado, ele faria propaganda eleitoral com dois anos de antecedência, pois viajaria pelo Brasil inaugurando obras e posando de "pai do PAC", do mesmo modo que Dilma foi a "mãe" na campanha de 2010.
Se isso não é GOLPE, eu não sei mais o que é...

quarta-feira, 16 de março de 2016

BBB: RETRATO FIEL DA SOCIEDADE BRASILEIRA

O BBB é o que há de pior na TV brasileira. Edição após edição, seus participantes conseguem se superar em imbecilidade. Mas o programa é um reflexo perfeito da sociedade brasileira. A "estrela" da atual edição é uma pessoa que responde a quatro processos na Justiça, e foi justamente expulsa por desrespeitar as regras do programa. E o que aconteceu com a moça? Em vez de ter suas atitudes reprovadas e ser relegada ao esquecimento, ganha uma legião de "fãs" que fingem não enxergar tudo que a moça já aprontou, vira queridinha da Globo, e descola uma boquinha no "Video Show".
Por outro lado, o rapaz vítima dos tapas da moça foi criticado por ter pedido a expulsão da moça. Notem bem: o rapaz foi crucificado pelos seguidores alienados da moça somente por querer que fossem cumpridas as regras do programa. Além disso, ao contrário da maioria dos participantes do programa, o rapaz se comportou de forma exemplar durante sua permanência na casa, recusando o assédio declarado de que foi alvo, pois já tinha um romance aqui fora, e não queria jogar isso fora por uma aventura de BBB. E o que ganhou o rapaz por seu comportamento exemplar? Foi eliminado no paredão, pois o público preferiu ficar com os aliados da barraqueira expulsa.
Agora me digam: é ou não é uma inversão total de valores? Se uma sociedade não sabe votar num programa de TV, que dirá numa eleição presidencial. O atual estado da política brasileira fala por si... Temos uma presidenta que foi reeleita a despeito do pipocar das primeiras evidências de corrupção na Petrobras, empresa onde ela ocupou a presidência do Conselho de Administração. O que esperar de um povo que faz escolhas desse naipe?